"Over the past decade, the internet has had a major impact on the transmission of popular and unpopular culture to large audiences all over the globe. Yet, before the digital age, paper was the most interactive medium and the avant-garde periodicals were agents of cultural upheaval. Without paper there could be no avant-garde, but without avant-garde, paper would be less volatile. None the less, digital media is currently usurping some of paper’s role as a medium of provocation and radical change."

Steven Heller, The Paper Avant-Garde, 2003

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Da Merz Emigre, da Dot-Dot-Dot ao e-flux journal, as publicações periódicas foram ao longo do século XX — e continuaram a ser nestas duas décadas do novo milénio — um medium preferencial de, explorando inovadoras relações entre conteúdo e forma, se disseminarem ideias, defenderem valores e criarem modelos de publicação. Entre uma revista e outro tipo de publicação impressa ou digital, a diferença mais decisiva centra-se na identidade editorial e no modo como a sua consolidação ou evolução   pensada no tempo. Esta identidade de uma publicação periódica obriga a pensar, de modo específico, o projeto, a sua editoração, o seu reconhecimento público, tornando a revista num modelo claramente distinto do livro.

Na sua análise das revistas de vanguarda, Steven Heller refere que “One might argue that radical ideas must appear vanguard to be vanguard”, sublinhando: “Design is key”. Um aspeto central na maioria das revistas que admiramos   o da sua representatividade.

A Typographische Mitteilungen (das décadas de 1910 e 1920) era representativa do movimento da New Typography; a Mixed-Media (da década de 1960) representativa da contra-cultura alem  e de coletivos como o Die Schastrommel; a RAT — Subterranean News, representativa de movimentos minorit rios norte-americanos como a cultura punk ou os Black Panther; a Emigre, representativa, a partir dos anos 1980, do pós-modernismo gráfico e da influência na nova cultura digital. Poderíamos tornar esta listagem imensa mas… Mas, a questão que se coloca à qual a representatividade que queremos que tenha uma publicação periódica concebida, editada, desenhada e materializada em 2021 pela Pós Graduação de Design Orientado por Informação? Que identidade queremos construir, lidando com o desafio de a pensarmos de raiz, de materializarmos o primeiro número e de anunciarmos ao mundo o que nos interessa comunicar e qual a forma mais interessante de potencial esta mensagem?